Orochimaru é a prova viva de que, em Naruto, todos os personagens foram, um dia, inocentes, e transformaram-se em monstros por algum motivo.Na saga clássica de Naruto, Orochimaru era visto como o maior e mais caracterizado vilão do desenho. Desde o seu repentino surgimento, vimos Orochimaru como a grande e vil serpente que desejava atacar todas as presas inocentes em seu caminho para “dominar o mundo”, ou pelo menos “dominar o mundo shinobi”. Ele nunca pareceu ter nenhum resquício de bondade em seu coração, nenhuma ligação com um bom passado, nenhum sentimento, nenhuma caridade, nenhuma esperança, nem sequer alguma obceção erroneamente interpretada, como a de Pain, que acreditava, lá no fundo, que tudo que estava fazendo era para acabar com as guerras e trazer a paz. Não, Orochimaru parecia ser o vilão perfeito, nascido vilão, preenchido só de maldade, a própria encarnação da serpente malígna.
Mas nos enganamos.
Em shippuuden tivemos que conviver com um Orochimaru cada vez mais fraco, que fora abandonando aos poucos cada característica de poder que possuía, com seus braços lacrados, embora ainda tivesse poder para fazer muita coisa, ele já não era mais o monstro de poder absoluto que conhecemos durante o exame chuunin. Além disso, o medo dele foi dando espaço para o nosso medo da Akatsuki, que em vários momentos mostrou poderes muito superiores aos de Orochimaru. E quando Sasuke finalmente “mata” Orochimaru, percebemos finalmente que os seus dias de maior vilão, pelo menos da forma como o conhecíamos, tinham acabado. Claro que ele voltaria na luta de Sasuke contra Itachi, mas não era nem de longe o mesmo vilão de antes. Da mesma forma, ele “reencarnaria” celularmente em Kabuto, mostrando que seus dias ainda não tinham sido contados, mas da mesma forma já não era mais o mesmo vilão absoluto.
E é nos seus momentos derradeiros na luta contra Sasuke que também descobrimos que Orochimaru nunca foi, na verdade, o vilão perfeito que nós pensávamos que era. Ele também foi uma criança que sofreu muito com a guerra, tendo os pais assassinados quando ele ainda era muito jovem, e crescendo como um órfão. Embora ele sempre tenha demonstrado enorme capacidade para o mundo ninja, embora sempre tenha sido conhecido como um gênio, ficamos sabendo nessa derraderia luta que até mesmo sua genialidade se seu por esse sofrimento enorme em sua vida, como pode ser melhor explicado no post sobre o Gatilho.
Orochimaro fora como qualquer outro vilão que nasceu da guerra. Ele presenciou horrores não apenas relacionados à morte de seus pais, mas evidentemente à morte de outros ninjas às vezes inocentes, esteve presente no sofrimento de seus companheiros de equipe, e em algum momento de sua vida ele chegou à conclusão de que o corpo humano era muito frágil, e que o nosso tempo de vida era muito curto. Inspirado pela lenda antiga contada à ele por Sandaime, sobre os poderes de renascimento da cobra branca, Orochimaru então resolveu fazer de tudo para alongar a sua vida, e para tornar seu corpo resistente à qualquer coisa. Podemos dizer que, em parte, ele fazia isso pois queria prolongar o tempo que ele estaria esperando para reencontrar seus pais, que poderiam ter renascido devido ao poder da cobra branca, segundo a lenda.
Mas esse desejo infantil de rever os pais, esse desejo sonhador de prolongar a vida humana que era, de fato, muito frágil, se perdeu no meio do caminho, transformado de desejo a cobiça, foi mutando até terminar como uma obcessão. E o garoto que um dia sonhara em ser grande dominador de jutsus passou a ser o monstro que deseja dominar todos os jutsus do mundo shinobi, para ser uma espécie de ser supremo mais forte que tudo e que todos, para poder ser imortal.
No final das contas podemos dizer com segurança… Orochimaru, diferente de vários outros ninjas, inclusive diferente dos mocinhos da história, tinha medo de uma coisa acima de todas as outras. Orochimaru tinha medo da morte…
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